O investidor precisa adaptar a carteira de investimentos diante da nova realidade econômica de juros altos e maior carga tributária Por Charluan Gamball
O Brasil entrou em um novo capítulo de sua política monetária. Com a recente decisão do Banco Central de elevar a Selic para 15% ao ano, acompanhada pelo anúncio do Governo Federal de extinguir diversas isenções tributárias em investimentos que antes eram considerados refúgios fiscais, o cenário para o investidor brasileiro mudou e de forma significativa.
Esse movimento não é isolado. Ele reflete o esforço das autoridades econômicas para controlar a inflação persistente e manter a sustentabilidade fiscal em um ambiente de desaceleração global. As medidas podem até ser compreendidas sob a ótica da necessidade de equilíbrio das contas públicas e da ancoragem das expectativas, mas o impacto sobre os investidores é imediato e concreto.
Na prática, o custo do dinheiro encarece, o crédito fica mais restrito, e a renda fixa volta a ser protagonista, com prêmios cada vez mais atrativos. Por outro lado, os cortes de isenções trazem um novo peso tributário sobre aplicações que, até pouco tempo, eram consideradas pilares de planejamento patrimonial – como Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), debêntures incentivadas e até fundos imobiliários.
Diante desse cenário, o que deve fazer o investidor? Antes de qualquer movimento, o mais importante é entender que o momento pede disciplina, análise técnica e visão de longo prazo. Reagir de forma impulsiva pode custar caro. Temos orientado nossos clientes a seguir três pilares fundamentais: recalibrar o portfólio com foco em proteção e eficiência tributária, ampliar a visão internacional e antecipar movimentos futuros.
A diversificação nunca foi tão importante. Avaliar com lupa a nova relação risco-retorno de cada ativo, buscando alternativas que ofereçam segurança sem abrir mão de boas oportunidades. Além disso, com o real pressionado e um ambiente interno mais desafiador, muitos investidores estão olhando para fora. Ativos dolarizados, fundos internacionais e proteções cambiais ganham espaço como forma de diluir riscos domésticos. E, por fim, o ciclo de alta da Selic pode estar próximo do pico, mas os efeitos sobre a economia real e os mercados ainda vão se desdobrar nos próximos trimestres. Estar posicionado de forma estratégica hoje pode fazer toda a diferença amanhã.
O investidor brasileiro vive um momento de transição. Não é hora de pânico, mas de agir com método, informação e, principalmente, orientação especializada. Mais do que nunca, é hora de ter uma bússola financeira ao lado.
FONTE: 04/07/2025 – MONITORMERCANTIL
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