Dados da pesquisa ajudam a entender os reflexos da queda no poder de compra do consumidor em cada região e apontam tendências que podem gerar oportunidades aos varejistas.
A queda no poder de compra do consumidor, juntamente com o avanço da inflação, levaram o varejo alimentar a registrar recuo de 2,4% nas vendas, já descontada a inflação, no ano passado. A informação faz parte do estudo da McKinsey, em parceria com a plataforma de dados Scanntech, que analisou as movimentações no varejo alimentar em todas as regiões do País em 2021.
As informações verificados no ano passado são de extrema importância para posicionar o segmento este ano e nos próximos. A pesquisa aprofundou os dados para entender os reflexos em cada região do Brasil, a dinâmica dos diferentes formatos, e as mudanças de comportamento do consumidor, para depois traçar um olhar sobre as tendências para o varejo alimentar nos próximos anos. A queda nas vendas pode parecer desanimadora, mas, na realidade, existem algumas oportunidades que podem ser aproveitadas pelos varejistas alimentares.
De acordo com o estudo, não ocorreu uma desaceleração homogênea no País. O Nordeste registrou a maior queda nas vendas, de 8,3%, seguido pelo Norte, -7,5% e Sudeste, -7,3%, regiões que também tiveram maior variação na massa total de renda no ano passado.
O tíquete médio apresentou aumento de 8,4% no Brasil, mas esse movimento reflete a alta no preço dos alimentos. Por outro lado, houve uma queda na freqüência de compra de 3,2%.
Outro ponto importante identificado pela pesquisa, é que o consumidor passou a substituir produtos da sua cesta por opções mais econômicas. Neste sentido, as categorias mais impactadas foram arroz, produtos de limpeza da casa e produtos para lavar roupa. Enquanto comportamentos como caçar preços mais baixos e optar por produtos mais econômicos são usualmente observados em períodos de dificuldade econômica, a redução da frequência de compras é uma mudança de comportamento particular deste período de pandemia. O estudo mostrou também um crescimento nas compras online, mesmo com a retomada da presencialidade.
O contexto desafiador persistirá no curto prazo, impactando a dinâmica de crescimento do varejo alimentar e os hábitos dos consumidores. Com margens pressionadas e alta competição, torna-se necessário que o varejo reinvente seu modelo de geração de valor, acelere a digitalização e equacione o desafio de rentabilizar o omnicanal.
Com 70% dos consumidores buscando formas de economizar e 40% dispostos a substituir produtos consumidos por alternativas mais econômicas, varejistas alimentares devem buscar adequar seu sortimento de produtos, como fortalecer a presença de marcas próprias e de alternativas econômicas.
Diante deste cenário, a expectativa é de que o atacarejo continue em expansão. Além disso, novos players vão continuar experimentando formatos alternativos para atender novas ocasiões de compra do consumidor brasileiro, como entregas rápidas, entregas programadas, compras sociais e super proximidade. Os hipermercados buscarão rotas de rentabilizar alavancando sua amplitude de sortimento e versatilidade na oferta de produtos e serviços.
O interesse do consumidor por produtos mais saudáveis abre oportunidades para os varejistas. Mais da metade (56%) dos consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos saudáveis e orgânicos. No Brasil, o mercado de alimentos saudáveis e que promovem bem-estar deve crescer a um ritmo de 9% ao ano e chegar a um quinto do total de alimentos embalados em 2030.
Outra alternativa para os varejista é se especializar na categoria de perecíveis e saudáveis para oferecer uma experiência de loja física diferenciada e expandir a recorrência. Outra opção é construir um ecossistema, com produtos e serviços que atendam diversas necessidades do cliente, de forma integrada, para capturar sinergias e fidelizar clientes. Como exemplo, entre os dez varejistas globais que mais acumularam valor de mercado entre 2020 e 2022, grande parte possui uma abordagem de ecossistema que busca fortalecer o vínculo com seus clientes.
O estudo destaca o uso do digital e de advanced analytics a fim de gerar valor ao longo da cadeia e destravar crescimento no varejo. O desenvolvimento destas capacidades permite entender melhor as necessidades do consumidor e aprimorar sua experiência. Elas também viabilizam uma melhor execução pelo varejista de suas atividades principais. Vale ressaltar, que o desafio de integrar digital and analytics no varejo vai além da tecnologia, requer uma transformação cultural do varejista.
O omnicanalidade continua sendo importante, mesmo com a retoma presencial. De acordo com o estudo, 84% dos pesquisados pela McKinsey compram em lojas físicas, 76% online com entrega em casa, seguidos por uma parcela de 27% que compram online com coleta em pick up point e, por fim, 24% que utilizam compra online com coleta na loja. No entanto, a rentabilização desse segmento ainda é um desafio.
FONTE: SAVAREJO
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