A Inteligência Artificial (IA) já está integrada ao cotidiano profissional e pessoal e não depende mais da vontade humana para ser adotada. Essa revolução tecnológica está em processo e transformando toda a cadeia produtiva, inclusive, a da alimentação fora do lar.
O assunto foi um dos destaques do painel “Food Brain – Eficiência Operacional no Foodserevice a partir da Inteligência Artificial: Indústrias, Distribuidores e Operadores”, mediado pela CEO da Gouvêa Foodservice, Cristina Souza, no último dia do Latam Retail Show, o maior evento B2B de varejo e consumo da região. A Mercado&Consumo foi media partner do evento e fez uma cobertura especial.
Entusiastas do potencial infinito das IAs para os negócios, Nestlé, Pede Pronto e Martin Brower compartilharam suas experiências e deixaram insights para os ouvintes durante uma hora de apresentação.
Objetivos claros
“Pri-o-ri-ze”, aconselhou, didaticamente, Rodrigo Maingue, BEO da Nestlé Profissional. Antes mesmo de investir em tecnologia, o varejista deve estabelecer objetivos claros sobre a sua busca, entendimento e para onde quer levar o seu negócio.
Líder em alimentos e bebidas processados, presente em 99% dos lares brasileiros, segundo Maingue, a Nestlé quer manter a sua relevância, agregando valor e melhorando experiências. Para isso, percebeu a necessidade de gerar inteligência no seu cliente, desde uma pequena padaria até as grandes redes. A companhia tem a consciência de que o pequeno varejista não terá condições de aplicar sozinho toda a tecnologia disponível, portanto, está se colocando como intermediária e buscando alavancar as próprias vendas.
“Como usar a IA e os algoritmos no foodservice?”, questinou Maingue. “Juntar todas as informações e traduzir de forma simples para os clientes”, respondeu em seguida. Por exemplo, a condição climática interfere no consumo. A Nestlé possui cerca de 200 mil máquinas multibebidas em todo território nacional e sabe que quando a temperatura cai, há um aumento na venda de cafés. Quando a temperatura aumenta, os consumidores recorrem aos freezers de sorvete. Com os dados do comportamento dos consumidores, o dono do estabelecimento pode preparar melhor o seu estoque, comprando antes e com planejamento.
Cada uma dessas máquinas recebeu um modem com um sistema de telemetria, que recolhe informações de uso em tempo real. A empresa está colhendo dados de consumo e cruzando variáveis para tornar o seu atendimento ainda mais eficiente e personalizado.
A dica do BDO da Nestlé Professional é ousadia baseada em informação consistente. Ele recomenda aos varejistas priorizarem pequenas entregas, ou seja, evoluírem no curto prazo, e testarem seus produtos quando estiverem 85% concluídos. “Se esperar chegar à perfeição, pode ser atropelado por alguém mais rápido”, pontuou.
Logística
Alessandro Rios, diretor-geral da Martin Brower Brasil, multinacional focada em supply chain, destaca a importância do planejamento de compras e atendimento da demanda como forma de reduzir desperdício, custos e muita dor de cabeça.
A inteligência artificial é aplicada na forma como a empresa olha para toda a cadeia de suprimentos para fazer as suas entregas, além de contribuir com a gestão feita por seus clientes. Disponibilizou um chatbox para os restaurantes tirarem as suas dúvidas em tempo real. Na gestão de estoque, oferece câmeras com capacidade de realizar o inventário, operação considerada de sucesso na parceria com a rede McDonald’s. “Os colaboradores se preocupam com o salão e a máquina faz a contagem”, observou Rios.
O próximo lançamento da multinacional é um sistema de recomendação de pedidos com a possibilidade de fazer compras automáticas. A conexão de um dispositivo com o estoque e a percepção da demanda poderá acionar a empresa e garantir a reposição sem intervenção humana.
“A Inteligência Artificial não é só de TI (Tecnologia da Informação), é de negócios”, disse Rios. Para ele, a empresa determina como precisa ser usada e aplicada no que faz sentido a cada modelo, a cada objetivo.
O conselho para o varejo é focar nos processos, captar os dados necessários e treinar continuamente as equipes e os próprios tomadores de decisões para o universo da inteligência artificial. Recomendou, ainda, o uso de ferramentas simples e de uso gratuito já disponíveis na internet. Esta atitude permite abertura de mentalidade para experimentar e entender as novas possibilidades de alavancar as empresas por meio das IAs.
Delevery mais inteligente
João Bibar é general manager da Pede Pronto, um aplicativo de entrega de comida que usa a inteligência artificial para entregar o pedido do cliente onde quer que esteja, até mesmo em um estádio de futebol ou durante um show.
O app foi além do delivery e oferece a opção de retirada em estabelecimentos parceiros nas proximidades e com horário agendado. “Você está no controle”, contou Bibar sobre a ideia do Pede Pronto. Segundo ele, o uso do aplicativo no Allianz permitiu o agendamento de 2 mil pedidos antes de os portões do estádio se abrirem para o show do cantor Gustavo Lima neste ano.
De acordo com Bibar, a ferramenta garante ao varejista se preparar para atender a demanda e reduzir filas e ao cliente, mais tempo para aproveitar os seus momentos de celebração.
Para o setor do foodservice, o conselho é investir em ferramentas de recomendação personalizada e liberar o cliente do “custo da busca”, compreendido como o tempo gasto com a indefinição sobre o que comer e onde. Assim como na Netflix, a recomendação facilita a tomada de decisão. “Menos tempo escolhendo, mais tempo saboreando”, comentou.
Também considera importante o setor considerar as tecnologias que realizam análises preditivas porque as mudanças são cada vez mais velozes.
Em sua fala, ressaltou a necessidade de toda a cadeia do foodservice se unir e aplicar as novas tendências, especialmente, as IAs, para prover mais soluções, mais jornadas e ir além do delivery.
FONTE: 24/09/2023 – MERCADOECONSUMO
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