Dados são da UVA; já levantamento da ACSP aponta que produtos como quentão e vinho chegam a ter quase 50% do preço composto por impostos
Segundo levantamento feito pela Universidade Veiga de Almeida, seis dos 18 itens avaliados tiveram alta acima da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos 12 meses, que foi de 5,32%.
As maiores altas registradas na Cidade do Rio de Janeiro foram do chocolate em barra e bombom (25,98%), mandioca (10,22%), leite condensado (8,94%), ovo de galinha (8,1%), leite de coco (6,83%) e bolo pronto (6,64%).
A variação nos preços dos alimentos, avalia Durval Meirelles, professor de Economia da UVA, está relacionada a questões como safra, clima, câmbio, demanda e custos logísticos.
“A subida expressiva no preço do chocolate em barra e bombom se deve à alta do cacau no mercado internacional. O aumento no preço da mandioca é fruto, em parte, de impactos climáticos. Já o aumento do custo da ração e a demanda aquecida se refletiram no valor do ovo, enquanto o preço do leite de coco tem relação com custos de extração e logística”, explica o professor da UVA. “Sempre há também o efeito sazonal, já que a aproximação de festas juninas tende a aumentar a demanda por itens mais típicos”, completa.
Já as maiores baixas identificadas foram na batata-inglesa (-29,72%), arroz (-15,85%), fubá de milho (-4,24%), milho-verde em conserva (-2,22%), maçã (-1,95%) e açúcar cristal (-0,21%).
“Os produtos in natura que tiveram boa safra, como batata-inglesa e arroz, tiveram quedas expressivas. Já os industriais ou importados em geral tiveram aumento no custo de produção em função do câmbio e do frete”, finaliza Meirelles.
Já segundo levantamento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), com base na tabela do Impostômetro, diversos itens tradicionalmente consumidos durante as festas juninas apresentam uma carga tributária elevada. Isso ocorre devido ao modelo tributário brasileiro, que taxa de forma mais intensa o consumo. Em 2025, a carga tributária média sobre a cesta junina é de 29,67%.
O economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa explica que, mesmo com um ritmo menor de aumento de preços em comparação com anos anteriores, os valores elevados tendem a persistir.
“Apesar do menor ritmo de alta, os preços devem continuar pressionados, em função do aquecimento da economia e da carga tributária que incide sobre os alimentos, que ainda é muito alta”, afirma.
O economista reforça que o modelo tributário brasileiro é centrado na taxação do consumo, o que torna os alimentos – inclusive os típicos das festas juninas – especialmente carregados de tributos. “Nosso sistema é estruturado sobre a tributação do consumo, e isso deve continuar assim por um bom tempo. Apesar de algumas reduções pontuais, a estrutura geral ainda impõe um peso significativo ao consumidor”, acrescenta.
FONTE: 20/06/2025 – MONITORMERCANTIL
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