O Livro Bege sugerindo estagnação da economia dos EUA e a indigestão dos investidores com os balanços de Netflix e Tesla, revertendo parte do otimismo com os resultados dos bancos, leva a dia negativo para as Bolsas, com cias de tecnologia liderando as perdas, apesar das quedas nas taxas de juros. Dólar opera com viés de baixa e commodities caem, sentindo as perspectivas menos otimistas para crescimento. Por aqui, em véspera de feriado, que deve reduzir a liquidez, destaque para o anúncio das medidas da Fazenda para PPPs e o mercado de crédito às 9h. Com os investidores ainda reavaliando os riscos fiscal e político locais, a queda das commodities e a maior aversão a riscos global devem levar a aberturas negativas no Ibovespa e no câmbio, enquanto nos juros, o tamanho do leilão do TN deve definir a sessão, embora a dinâmica de alta das últimas sessões ainda tem espaço para continuar.
Na Ásia, a indigestão em Nova Iorque com os últimos balanços pesou sobre o humor da sessão de hoje, com as Bolsas fechando mistas. Na China, o PBoC (o BC do país) manteve as taxas básicas de juros de um ano em 3,65% (ante expectativa de 3,65%) e a de cinco anos em 4,30% (ante expectativa de 4,30%). No Japão, déficit comercial de US$ 5,6 bi em março, com exportações de US$ 65,5 bi (4,3% a/a ante expectativa de 2,6% a/a) e importações de US$ 71,1 bi (7,3% a/a ante expectativa de 11,4% a/a). Hoje, PPI da Coreia (março) às 18h, PMIs (abril) da Austrália às 20h e do Japão às 21h30 e CPI do Japão (março) às 20h30.
Na Europa, setor automotivo lidera as perdas, após balanço ruim da Tesla, em dia de ata do BCE, com as Bolsas operando no negativo. Na Alemanha, o PPI deflacionou 2,6% (ante expectativa de -0,5%) em março, somando 7,5% em 12 meses, mínima desde junho de 2021. Na França, a confiança da indústria caiu de 104 para 101 pontos (ante expectativa de 103) em abril. Na Zona do Euro, volume de construções acima do consenso (ante expectativa de 0%), avançando 2,2% (2,2% a/a) em fevereiro, máxima desde 2012. O CPI da Zona do Euro teve alta de 0,9% (prévia 0,9%) em março, acumulando 6,9% em 12 meses. O núcleo do CPI avançou 1,3% (prévia 1,2%), subindo 5,7% ante março de 2022, novo recorde. Na agenda, balança comercial da Zona do Euro (fevereiro) às 6h, ata do BCE (março) às 8h30 e confiança do consumidor da Zona do Euro (abril) às 11h. Schnabel (BCE) fala às 17h15. BHP (Reino Unido), Luxottica (França), Pernod Ricard (França) e Renault (França) divulgam resultados.
Nos EUA, a indigestão dos investidores com balanços de Tesla leva a duras perdas na pré-abertura dos futuros. Livro Bege destacando um cenário de estagflação, com vários contatos reportando demanda estável ou com viés de baixa, com exceção do setor de serviços. Por outro lado, os contatos do Fed reportaram que preços de e salários seguem elevados, apesar de sinais de moderação na margem. O republicano Kevin McCarthy (presidente da Câmara) apresentou o plano para elevar o teto de dívida em US$ 1,5 tri ou até março de 2024, o que ocorrer antes. Hoje, índice industrial Philly Fed (abril) e pedidos de seguro-desemprego (14/abr) às 9h30 e vendas de imóveis usados (março) às 11h. Christopher J. Waller (FRB, vota) fala às 13h, Loretta Mester (Fed Cleveland, não vota) às 13h20, Michelle W. Bowman (FRB, vota) às 16h e Raphael Bostic (Fed Atlanta, não vota) às 18h. Leilões de T-Bills (1 mês) às 12h30 e T-Notes (cinco anos) às 14h. AT&T, American Express, Philip Morris e Union Pacific divulgam resultados antes da abertura.
Aqui no Brasil, em dia morno no exterior, com alta das taxas de juros após surpresa na inflação europeia, o mercado local sentiu a indigestão dos investidores com o arcabouço fiscal e os riscos políticos e a queda nas commodities em torno do 8/jan, com o Ibovespa fechando aos 103.912 pontos (-2,12%), com nenhum setor fechando no positivo. Em meio à força da moeda americana, a maior aversão ao risco local e a piora nos termos de troca pesaram sobre o real, com o dólar terminando em R$ 5,08 (1,96%). A alta no câmbio, a alta nas taxas de juros internacionais e a fala de Campos Neto sugerindo que a inflação não está caindo conforme o esperado, com a curva de DI futuro subindo cerca de 20 pontos.
O IGP-M avançou de -0,90% para -0,66% na segunda prévia de abril, acumulando -1,87% em 12 meses, com o IPA subindo de -1,40% para -1,03% (-4,13% a/a), o IPC recuou de 0,51% para 0,38% (3,16% a/a) e o INCC desacelerou de 0,30% para 0,24% (7,50% a/a). Fluxo cambial negativo em R$ 3,8 bi na semana passada, com saídas de R$ 0,9 bi no comercial e de R$ 2,9 bi no financeiro. No ano, influxo de R$ 11,3 bi (R$ 12,8 bi em abril de 2022). Na agenda, sondagem da indústria da CNI (março) às 10h30, leilão do TN (LTN e NTN-F) às 11h30 e decisão do CMN às 15h. Rogério Ceron (STN) fala às 9h. Usiminas divulga resultado após fechamento.
Campos Neto (BCB) declarou que a inflação está caindo, mas que o núcleo ainda está bastante resiliente e que a desinflação está mais lenta que o esperado, dado o nível de juros atual, além de destacar que as expectativas de inflação seguem acima da meta, mesmo para horizontes mais longos. Por fim, o presidente do BCB destacou que o projeto do arcabouço fiscal é bastante razoável, mas que é necessário observar o processo de aprovação no Congresso, apesar de indicar que o governo está avançando na direção certa. Tabet (Planejamento) afirmou que o governo pretende arrecadar até R$ 120 bi com combate à sonegação e contrabando e afirmou que é necessário combater desonerações injustificáveis.
FONTE: 20/04/2023 – MONITORMERCANTIL
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