Nesta entrevista exclusiva, Paulo Hermínio Pennacchi, presidente do Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidores do Estado do Paraná (Sinca PR), fala do momento atual e das perspectivas para o futuro do atacado distribuidor e do pequeno varejo, e ainda dos planos da entidade para ajudar esses importantes setores da economia brasileira a vencerem todos os desafios propostos pelo Novo Normal.
NEWBASCA: Paulo, qual é a sua avaliação sobre o atual cenário do setor do Atacado Distribuidor e, principalmente, do pequeno varejo no Paraná e no Brasil?
PAULO HERMÍNIO PENNACCHI: O cenário atual é um dos mais desafiadores de todos os tempos para diversos setores da economia e com o atacadista distribuidor não é diferente. A chegada da pandemia causada pelo novo coronavírus no Brasil no mês de março no ano passado, nos impôs um novo normal e uma nova forma de atuação. O impacto foi imensurável e atingiu a todos nós. Felizmente, mesmo passando por este momento delicado, por ser considerado essencial, o setor atacadista obteve resultados positivos. Dentro desse contexto, o pequeno e médio varejos tiveram um papel fundamental: o de atender à população com itens essenciais, por uma questão de segurança e até de vizinhança, mantendo suas atividades em funcionamento, respeitando e se adequando rapidamente para atender a sua clientela com segurança, de acordo com todas as normas sanitárias. Principalmente nos primeiros seis meses da pandemia, observamos essa mudança de comportamento do consumidor, que passou a procurar esses estabelecimentos do próprio bairro para fazer suas compras.
Quais foram e, eventualmente, ainda continuam sendo, os maiores impactos sofridos e os principais desafios enfrentados pela cadeia de abastecimento no atual cenário da pandemia?
Um grande impacto foi no cliente de muitos atacadistas, a exemplo do que aconteceu no canal do Food Service, que atende bares, restaurantes, lanchonetes, hotéis, que estão sofrendo com limitações de funcionamento. O início da pandemia foi marcado por um cenário de incertezas, dos mais diversos tipos, principalmente porque as informações eram ainda muito escassas. Hoje, podemos dizer que a incerteza ainda é um fato dentro desse contexto, mas, ao mesmo tempo, temos muito mais informações hoje do que naquele primeiro momento.
Houve desabastecimento por parte da indústria ao longo desse período?
No ano passado, tivemos questões pontuais na entrega por parte de algumas indústrias, mas não a falta de abastecimento. Muitas empresas também estão necessitando de crédito para manterem seus negócios abertos e a inflação está voltando com bastante força. Além disso, os juros subindo também afetam diretamente o desenvolvimento de muitas delas.
E em termos de problemas conjunturais, relacionados notadamente a problemas recorrentes, tais como a burocracia excessiva, a pesada carga tributária e a demora na realização das reformas estruturais que o Brasil tanto precisa?
Sem dúvida, a persistência de tais fatores continua preocupante. A burocracia excessiva acaba criando entraves para o desenvolvimento dos negócios, atrapalhando muito esse ambiente. Por sua vez, a ausência de reformas estruturantes prejudica a retomada da economia e desenvolvimento do Brasil. Reformas como a administrativa e a tributária, que já eram pautas essenciais, tornaram-se ainda mais importantes para esse avanço. No caso da tributária, pensamos sempre na questão da simplificação, principalmente no sentido de não aumentar os tributos e de racionalizá-los. No Paraná, a Substituição Tributária, por exemplo, tem sido extremamente prejudicial para as empresas do nosso setor, sobretudo porque sofremos com a alta concorrência de estados vizinhos que aboliram esse sistema de tributação.
Quais as principais lições que o Atacado Distribuidor e o pequeno varejo estão tirando desse momento de crise? E quais as perspectivas vocês enxergam no que diz respeito à retomada dos negócios?
As lições são diversas, mas podemos destacar que o nosso setor mostrou toda a sua resiliência e dinamismo, pois prontamente se adaptou a esse momento de grandes transformações que estamos vivenciando, buscando novas formas de atender ao seu cliente. Nesse sentido destacamos as vendas on-line e os novos canais de atendimento e venda, todos estritamente relacionados à tecnologia que fez essa aproximação, essa ponte tão necessária com os nossos clientes no período, que nos permitiu trabalhar com segurança, adequando-nos às novas normas sanitárias. Em termos de perspectivas, acreditamos que o declínio da pandemia, somado ao aumento do número de pessoas vacinadas, são dinâmicas que contribuirão substancialmente para a retomada da economia.
Acerca da importância e da ampliação do uso das ferramentas digitais que você acaba de mencionar, como você analisa o alinhamento dessa movimentação para a chegada definitiva de inclusão do atacado distribuidor às propostas do Varejo 4.0?
Cada vez mais o atacadista distribuidor precisa ficar atento às novas tecnologias, ainda mais em tempos de pandemia onde somos desafiados a disponibilizar novas formas de comercializar e apresentar os nossos produtos. As mudanças tecnológicas atreladas ao novo cenário mundial apontam para tendências que já estão presentes no ambiente de negócios. Observo que avançamos muito nesse sentido no ano que passou. Ainda estamos aprendendo e buscando aprimorar nossas estratégias de venda, para atender com mais agilidade e estreitar o nosso relacionamento com o cliente. Pensando nisso, a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), nossa entidade-mãe, criou em 2020 o Comitê Marketplace, com o objetivo de contribuir para inserção do setor atacadista distribuidor ao ambiente virtual de vendas. Assim, cada vez mais, somos levados também a utilizar as facilidades do mundo virtual a favor de nossos negócios.
Em sua opinião, que tendências para esses setores já se fazem notar e deverão se cristalizar no chamado “Novo Normal”?
O já mencionado aumento no investimento em tecnologia, o atendimento a clientes cada vez mais exigentes, a personalização de atendimentos e produtos, as iniciativas para melhorar a comunicação de produtos e serviços, a capacitação constante das forças de trabalho e, ainda, os investimentos focados no aperfeiçoamento da logística de entrega para atender a essas novas necessidades.
Em face aos cenários atuais, bem como aqueles projetados para o futuro, como tem sido direcionada a atuação do Sinca PR?
No último dia 31 de março, completamos 65 anos de fundação da nossa entidade, com uma trajetória dedicada ao desenvolvimento do setor atacadista distribuidor paranaense. Seja nos momentos de crescimento ou de dificuldade, o Sinca PR sempre buscou fortalecer e lutar pelos interesses do setor, promovendo e assegurando a interação e o desenvolvimento da categoria, bem como de toda a cadeia de abastecimento. Como entidade patronal, que tem o propósito de representar, dar suporte, levar informação aos seus associados e representados, também sentimos a necessidade de nos readaptarmos ao novo cenário, a fim de buscar alternativas para reforçar a representação da entidade e nossa oferta de serviços.
Quais são, hoje, as frentes prioritárias de trabalho do Sinca PR em prol da defesa dos interesses de seus associados, bem como, por extensão, dos pequenos varejistas?
Um dos destaques do trabalho que desenvolvemos atualmente tem como foco o portfólio de nossa Central de Negócios, que oferece uma ampla gama de produtos e serviços com valores e condições especiais para os nossos associados, iniciativa ainda mais fortalecida no último ano. Outro é a defesa dos interesses dos atacadistas e distribuidores em Convenções e Acordos Coletivos que, a exemplo do ano de 2020, foi de extrema importância, colaborando para a manutenção de empregos e para a negociação de pisos salariais compatíveis com a atual realidade econômica. Nesse cenário, importantíssimo também vem sendo o trabalho que o Sinca PR vem desenvolvendo em parceria com a Abad, entidade à qual somos filiados, bem como junto à Fecomércio PR. Tais sintonias e alinhamentos de objetivos nos fortalecem e nos possibilitam contribuir ainda mais para o desenvolvimento e para crescimento do setor em nosso estado.
Na outra ponta, como você analisa a qualidade do relacionamento atual da entidade com o governo e com as entidades representativas do setor produtivo? Ele tem redundado em conquistas significativas?
Sempre mantivemos uma boa relação com todas as esferas de governo e com as entidades representativas do setor produtivo, a exemplo do que acontece com a Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Paraná (Fecomércio PR), como foi o caso do apoio que recentemente demos a ela no pleito de encaminhar uma solicitação à Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná solicitando a retirada de mais itens do regime de Substituição Tributária, a fim de a competitividade de nossas empresas. No total, conseguimos êxito na retirada de 63 mil itens desse sistema de arrecadação de tributos por parte do atual governo do Paraná. Mas sabemos que ainda é preciso avançar muito para que as empresas paranaenses possam recuperar seus índices de competitividade em relação aos outros estados vizinhos.
E em termos de iniciativas em prol do varejo junto às esferas governamentais? O Sinca PR também se movimentou nesse sentido?
Sim. Com relação ao varejo, no ano passado o Sinca PR mobilizou sua base, enviando ofícios a deputados e senadores para a aprovação de linhas de crédito para as empresas suportarem esse período de dificuldade mais fortes causados pela pandemia. Nossa entidade também se reuniu com o governo estadual ainda no primeiro semestre, pleiteando mais disponibilidade e agilidade na concessão de crédito, por meio de um dos importantes braços de desenvolvimento do estado, a Agência Fomento PR, à qual o Sinca PR é correspondente desde 2019, atendendo a atacadistas, distribuidores e, ainda, a seus clientes na concessão de crédito, com condições especiais. Um dos principais pontos desse esforço foi a postergação de pagamentos de impostos das empresas enquadradas pelo Simples Nacional, acompanhando a Confederação Nacional do Comércio de Bens e Turismo (CNC) e a Fecomércio PR nessa reivindicação. Além disso, tivemos uma forte campanha de valorização do pequeno varejo, estimulando à população sobre os benefícios de efetuarem suas compras nos pequenos varejos de vizinhança. Uma iniciativa da Abad que o Sinca PR não apenas abraçou, mas trabalhou efetivamente para reforçar esse laço entre os consumidores e os pequenos e médios varejos. Em síntese, sempre estamos levantando os pleitos que impactam diretamente nos negócios dos atacadistas e distribuidores, além de seus clientes, acompanhando esses trâmites em todas as esferas governamentais.
A formação de novas lideranças no setor é, sem dúvida, uma das metas axiais do trabalho do SINCA, como atesta, aliás, a promoção dos eventos “Sinca Jovem – O Novo Trademarketing para Atacadistas e Distribuidores”, realizado no final deste mês de abril, em parceria com a Agência Newbasca. De que forma vocês pretendem estimular a continuidade desse trabalho?
Como associação e entidade patronal representativa, que acredita na força do associativismo para o fortalecimento do setor e o desenvolvimento das empresas do segmento como um todo. Por isso, estamos sempre lutando para que estas continuem suas atividades, e para que novas venham a surgir nesse sentido. Assim, cabe a nós contribuir no estímulo para que jovens e sucessores venham se destacar em seus respectivos negócios. Uma das novidades de 2020 foi a consolidação do Grupo Sinca Jovem, inspirado no Grupo Abad Jovens e Sucessores, com o intuito de reunir empreendedores e líderes do segmento em ações e eventos direcionados sobre temas como gestão, conhecimento, sucessão e liderança, entre outros. A escolha do tema para o encontro foi de grande relevância e vem agregar a estes jovens oferecendo mais conhecimento de gestão no relacionamento com seus clientes. Ainda estamos aprendendo, mas temos certeza de que colocar os jovens líderes nesse processo é muito importante para o aperfeiçoamento do nosso segmento.
Então, o que dá para concluir é que a parceria com a Newbasca está sendo bastante produtiva e deve continuar rendendo bons frutos no futuro.
Sem dúvida alguma. A parceria com a Newbasca é extremamente positiva. É uma agência que conhece profundamente o ambiente de negócios do atacadista distribuidor. O Sinca PR agradece a toda equipe da agência por estar ao nosso lado nesse novo projeto oferecido aos associados e parceiros da nossa entidade. Parabenizamos a todos os envolvidos pelo dinamismo aplicado ao evento que, graças ao formato online, conseguiu alcançar uma maior participação e interação. Um agradecimento especial às palestrantes Tatiana Thomaz e Tania Miné, que compartilharam seus conhecimentos com os participantes, trazendo novos conteúdos para o evento, apresentados de forma muito esclarecedora, contribuindo para a materialização de uma nova visão de negócios entre as empresas. E, em nome da nossa Diretoria, agradecemos também particularmente ao José Roberto Rodrigues, CEO e fundador da Agência Newbasca, esperando poder contar com ela em outros eventos e ações desse cunho no futuro.
QUEM É O SINCA PR
Por acreditar no associativismo, o Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidores do Estado do Paraná (Sinca PR) foi fundado em 31 de março de 1956. Nestas mais de seis décadas que marcam sua trajetória, a entidade se desenvolveu sempre acompanhando as evoluções do segmento atacadista distribuidor, as necessidades do mercado, seus representados e associados.
Visando ao fortalecimento da identidade do setor atacadista distribuidor paranaense, por meio de suas lutas e articulações políticas, o Sinca PR mantém diálogos com governos em suas três esferas: municipal, estadual e nacional, buscando condições de trabalho e equiparação fiscal entre os estados. Como entidade empresarial patronal de representação legal, sua diretoria está atenta às adequações do mercado, criando sistemas de inovação, produtos e serviços exclusivos para seus associados, promovendo, assim, um melhor ambiente de negócios, sustentável, com alternativas cada vez melhores para o futuro da família atacadista distribuidora paranaense.
A locomotiva do Sinca PR não para. E é por isso que a entidade faz sempre o melhor, e está de de braços abertos aos atacadistas distribuidores do Paraná.
FONTE: NEWTRADE
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