O parcelamento é algo muito comum para a população brasileira e, por muitos anos, foi em uma contramão em relação aos métodos de pagamento tradicionais ao redor do mundo. Enquanto Estados Unidos e países da Europa tiveram a preferência por pagamentos feitos à vista, no Brasil, o parcelamento esteve e é muito presente na vida da população.
O parcelamento no Brasil e na América Latina
O parcelamento no Brasil nasceu nos anos 50 com o surgimento dos crediários. Na época, foi uma ferramenta muito útil, pois impulsionou o varejo em períodos em que a inflação estava alta e incerta, fazendo com que parte da população ganhasse poder de compra que antes era baixo com os pagamentos à vista, já que a aquisição de bens de médio e alto valor foi facilitada. Afinal, em um período de inflação, as pessoas querem parcelar porque convém pagar menos por algo que vai valer mais no futuro.
Desde então, o método a prazo continua extremamente popular, pois a população enxerga nesse meio uma alternativa para a compra de bens e serviços de um alto ticket médio sem o comprometimento total do orçamento. Segundo uma pesquisa do SPC Brasil, 79% dos consumidores costumam parcelar suas compras e seis em cada dez entrevistados possuem parcelas pendentes. Por isso, comprar produtos e serviços, principalmente os de alto valor, por meio de pequenos valores mensais ainda é importante para tornar o consumo mais viável.
Ao mesmo tempo, o movimento também ficou popular na América Latina por conta de razões muito parecidas com as do Brasil, uma vez que a alta inflação e a instabilidade econômica desses países fizeram os valores subirem e que a população não tivesse muito poder de compra. E a preferência por esse método ainda permanece até os dias de hoje. Segundo o estudo Informe de Pagamentos realizado pela Indra, o país latino-americano líder nessa modalidade é a Argentina, em que 74% dos consumidores preferem adquirir bens e serviços de forma parcelada. Em seguida vêm Colômbia (66,4%), Chile (63,2%) e México (53,6%), sendo o último país o único atrás do Brasil, com 62%.
A ampliação do parcelamento
Porém, com o passar dos anos, o parcelamento se ampliou. Os crediários viraram carnês e depois viraram cartões de crédito. E hoje o ‘Buy Now, Pay Later’, também conhecido como BNPL, ou ‘Compre Agora, Pague Depois’ em tradução livre, se expandiu e engloba várias formas de pagamento, nas quais o consumidor, como o nome sugere, compra e paga depois. Porém, agora esse conceito ganha cada vez mais espaço nas economias. Segundo um estudo da PSO Knowledge, as transações Buy Now Pay Later (BNPL) deverão registrar um crescimento superior a 70% até 2024.
Cada vez mais, as pessoas procuram meios alternativos de pagamento que aliam facilidade e tecnologia para realizarem suas compras. Segundo a pesquisa The Global Payments Report, da FIS, só a América Latina deve migrar cada vez mais para carteiras digitais e BNPL nos próximos três anos, fazendo com que os comércios, online e físicos, repensem em novas estratégias quando se trata de métodos de pagamento, que agora precisam estar aliadas à tecnologia, facilidade e segurança. Outro aspecto positivo dos métodos alternativos, como o Buy Now Pay Later, são os baixos custos para os negócios, fazendo com que as vantagens sejam mútuas, tanto para o comércio como para o consumidor.
Destrinchando o BNPL
Além desses pontos principais, o BNPL possui outros impactos positivos. Uma vez que facilita acesso a bens e serviços, ele consegue atingir várias camadas da população que tem pouco acesso a crédito, pouco limite no cartão de crédito ou até pessoas desbancarizadas. E a tendência é de que as soluções BNPL não apenas cresçam, mas se aprimorem também.
Embora ainda existam desafios, já é possível enxergar o setor focado em aperfeiçoar ainda mais as soluções de Buy Now, Pay Later e de forma bem acelerada, já que o crescimento foi impulsionado por uma série de fatores, principalmente no período pós-pandemia. A evolução da digitalização apresentou um enorme crescimento, o que faz com que as mudanças sejam irreversíveis: a tendência de compras, principalmente online, aumenta a cada dia e faz com que mais pessoas comprem. Dessa forma, os meios de pagamento precisam estar de acordo com essa nova realidade e dar alternativas mais diversas e inclusivas. E apesar do boom do e-commerce e do varejo online, as lojas físicas também podem (e devem) entrar na onda da digitalização e adotar novas formas de precedentes. Também há a questão do impacto do Open Banking, que impulsiona esses tipos de soluções, já que garante uma maior facilidade em oferecer crédito para as empresas.
Como mencionado anteriormente, é também importante ressaltar que as soluções BNPL não trazem impactos positivos apenas para as empresas, mas também para os consumidores finais. O Compre Agora, Pague Depois mostra uma também crescente quando se trata da confiança de usuários em contratar serviços financeiros alternativos, que fazem com que o setor fique cada vez mais competitivo e os consumidores se beneficiem dessas soluções, dando também mais oportunidades e alternativas. Ou seja, o Buy Now, Pay Later reúne soluções que são democráticas e fáceis, facilitando a vida do consumidor final.
Não há dúvidas de que o BNPL irá transformar como o ecossistema de pagamentos funciona, mostrando que o céu é o limite quando se trata de oportunidades nesse setor e que quem não aderir a essa mudança e a todos os impactos positivos que ela traz pode ficar para trás.
FONTE: ECOMMERCEBRASIL
DATA: 08 de junho de 2022
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